Estive Lá – Ruanda, na montanha dos gorilas

setembro 25, 2012 in Estive Lá, Todos os Posts

Por Claudine Blanco.

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AFRICA DOS MEUS SONHOS

Capítulo IV – Ruanda, na montanha dos gorilas

A África sempre foi um continente muito especial para mim. Você pôde acompanhar o relato de cada uma das vezes que estive lá através do nosso blog (aqui), mas havia um lugar específico que eu sempre tive muita vontade de visitar. Como este também era o sonho de um grupo de amigos,  juntamos a turma e começamos a agitar essa viagem.

Então, um dia a ligação chegou e o sonho estava bem próximo de ser realizado. Estava confirmado, definitivamente iríamos para Ruanda… Na Montanha dos Gorilas!

Essa viagem precisou ser programada com bastante antecedência, pois o acesso à montanha é limitado: são apenas 80 pessoas por dia que podem ingressar no Volcanoes National Park, ou seja, para conseguir os ingressos, só com bastante antecedência mesmo.

O caminho é longo para chegar lá. São oito horas até Johanesburgo, uma conexão e mais  cinco horas de voo até a cidade de Kigali. Depois, são mais duas horas de carro até a região na base do Sabinyo Mountain (um dos vulcões Virunga), na cidade de Ruhengeri, onde ficaríamos hospedados para, bem cedo no dia seguinte, iniciarmos nosso trekking pela montanha rumo aos gorilas.

São dez famílias de gorilas espalhadas pela montanha. As trilhas podem ter de duas a seis horas de duração, dependendo da localização da família selecionada. E lá fomos nós!

Nossa trilha era relativamente fácil, tirando algumas subidas mais difíceis, mas o que realmente nos tirava o fôlego era a paisagem belíssima. Caminhando entre as casas e as plantações das famílias locais, a imagem do vulcão era presença constante no horizonte. As poucas pessoas que cruzávamos, principalmente as crianças curiosas, eram só sorrisos.

 

Sempre acompanhados de nossos guias e rastreadores, em uma altitude por volta de 3.500 metros, rumávamos para uma das experiências mais incríveis de nossas vidas. Quase chegando ao local onde os gorilas estariam, deixamos nossas mochilas e recebemos toda orientação de como proceder na presença dos animais. A mata ficava cada vez mais fechada, estávamos bem próximos. Agora, o medo e a ansiedade eram quase incontroláveis, até que de repente os avistamos e todo o encantamento tomou conta daquele momento.

 

Durante uma hora pudemos observar bem de perto esses gorilas em seu habitat natural. Eles comiam, brincavam e se acariciavam a menos de 2 metros de nós, como se não estivéssemos ali. Seu estado pacífico e de total tranquilidade é tão latente, que nem ao ficarmos frente a frente com o “Silver Back”, o macho alpha, nos sentimos intimidados.

 

Nem a chuva foi capaz de esfriar a maior demonstração de cuidado e aconchego que a mamãe gorila proporcionou ao seu filhote, arrancando suspiros de nosso grupo. Foi um momento mágico do qual tivemos o privilégio de participar.

Difícil imaginar que esses animais tão pacíficos, dóceis e receptivos à presença humana foram e, em alguns lugares, ainda são alvo de caçadores brutais.

Definitivamente a maior e mais inesquecível experiência de contato com o mundo animal!

Mas essa viagem ainda guardava muitas outras emoções….

Um amigo do grupo (Mr. Peter Punk) sugeriu que utilizássemos nossos limites de bagagem para levarmos doações a um orfanato em Kigale. Sugestão prontamente aceita por todos, que se uniram e organizaram a tarefa de entregar mais de 200 kg entre material escolar, hospitalar e de higiene.

Para quem não conhece a história do local, em 1994 houve por lá um dos maiores massacres da humanidade, onde dois grupos étnicos mataram quase um milhão de pessoas em menos de três meses. O “Museu do Genocídio” conta detalhadamente as maiores atrocidades que o ser humano é capaz de cometer, não poupando nem mulheres e crianças. Tristeza cravada no coração daquele povo e devidamente registrada nesse museu, para que sirva de exemplo daquilo que nunca mais deve ser feito, independente de crenças e motivos políticos.

Povo guerreiro, sobreviventes da vida, marcados para sempre por essa tragédia, mas hoje empenhados em reconstruir esse país que cresce a cada ano, sem grandes recursos naturais, mas através de turismo e do suor de seus trabalhadores na terra, cultivando seu sustento, sua subsistência.

 

Não sei o que esperávamos ao entrar naquele orfanato, mas tenho certeza que absolutamente ninguém em nosso grupo imaginou o que aconteceria ali. Esperavam-nos em um galpão, sentadinhos, rostos ansiosos, curiosos para saber qual o motivo que trazia ali aquele grupo de brasileiros.

Meio tímidos no começo, mas absolutamente à vontade com a receptividade deles, ficamos ali parados, sem saber o que fazer, quando por uma inspiração divina, nosso amigo Peter comandou um show de sabedoria, respeito e amor ao próximo que poucas vezes presenciei em minha vida. Fez com que todos cantassem, brincassem, dançassem, rissem e, claro, todos nós chorássemos de emoção.

 

Ali, tão distante de casa, presenciávamos aquelas crianças repetirem, em um português estranho aos nossos ouvidos, o quanto Deus era bom, tão bom… Para mim! E para todos nós que partilhávamos esse momento, com certeza!

Emoção de mais, né? Mas a viagem não acabou ainda…

De lá, seguimos para a África do Sul. Nosso destino era a reserva de Madikwe, que fica a cinco horas de carro de Johanesburgo, uma alternativa ao Kruguer Park, porque, afinal, estávamos na África e é claro que não poderiam faltar nem safáris, nem pores do sol.

 

No caminho par Johanesburgo, passamos rapidamente para conhecer a reserva de Pilanesberg e também o Lions Park, um lugar onde se pode interagir com os animas. Lá, pudemos brincar com os filhotes de leão e alimentar uma girafa!

 

Foram sete dias muito intensos. Vivemos fortes emoções, fizemos novas amizades e fortalecemos as já existentes. Rimos muito, filosofamos, sonhamos, programamos várias outras viagens, torcemos, vibramos, nos surpreendemos e, para alguns, a vida ainda reservou até mais do que imaginavam.

A África é assim, sempre surpreendente e emocionante.

Não sei quando vou voltar, mas tenho certeza, que por alguma razão inexplicável, essa minha história de vida com a África ainda vai render muitos capítulos.


 

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Peter meu amigo, que orgulho de você! Obrigada por nos incentivar a partilhar esse momento junto contigo. Que tenhamos muitos outros nas próximas viagens!